Em um mercado onde o novo modelo requer uma otimização cada vez maior entre investimentos e receita dos parques, os agentes do setor eólico esperam que os próximos leilões continuem apontando para a expansão sustentável da fonte. “Precisamos, pelo menos, da inserção de 2GW ao ano na matriz”, comentou presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo. Ela acredita que esse seria um patamar adequado para manter manter os atuais fabricantes no país e consolidar a cadeia produtiva.
O setor eólico enfrentará um momento de aperto nos custos devido ao aumento nos preços dos aerogeradores, já que os fabricantes terão que se adaptar a regras mais rígidas para obtenção de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além da possibilidade das empresas geradoras terem ainda que investir em sistemas de transmissão. “Ainda que haja o aumento dos custos, a fonte vai continuar competitiva em comparação com outras.”, avaliou Elbia, em evento realizado na manhã desta segunda-feira (15/04).
Os representantes da Abeeolica consideram que, após a demanda fraca dos leilões do final de 2012, neste ano o cenário será melhor pela questão da sobrecontratação das distribuidoras estar resolvida, e por ter passado o impacto inicial da Medida Provisória 579, o que traria uma maior segurança. “Agora é esperar para ver como o governo fará essa contratação nos leilões, quanto será dedicado a cada fonte”, lembrou a executiva.
Em relação à situação com os parques que ficaram prontos, mas estão sem conexão para gerar energia, a Abeeolica acredita que pode ser resolvido com planejamento. “O sistema de transmissão poderia ser planejado para levar a conexão às regiões onde estão os bolsões eólicos”, falou o presidente do conselho de administração da entidade, Otávio Silveira. Já Elbia sugeriu também que os agentes se juntem em consórcios e condomínios para investir em transmissão.
Desempenho
Ainda que tenham que enfrentar desafios, o setor eólico comemora o desempenho operacional positivo de 2012. Para se ter uma ideia, o fator capacidade - a proporção entre a geração efetiva e a capacidade em um mesmo período - atingiu um pico próximo de 70% no ano passado, sendo que o parques da segunda fase ficaram em 54%. Nos dois casos, os percentuais estão acima - 43% e 45%, respectivamente - esperados.
“É importante observar que o pico foi exatamente no período de baixa vazão do reservatórios, provando que a eólica é uma importante fonte complementar”, argumentou a presidente da Abeeólica. A associação estima ainda que, se não fossem a força dos ventos, o país teria gasto R$ 500 milhões a mais com despacho térmico em dezembro de 2012 e, considerando o ano todo, deixou de ter gasto R$ 1,6 bilhões.
A associação estima que a capacidade instalada deva saltar dos atuais 2,5GW para 5,9 GW este ano. O potencial eólico atual permitiu o abastecimento de 2,5 milhões de residências no ano passado, o equivalente a 7,5 milhões de habitantes.
Fonte: Jornal da Energia - São Paulo, 15 de Abril de 2013